Segundo o vice-presidente da Anap, apesar da indústria apontar falta de papelão no Brasil, “há matéria-prima suficiente no mercado nacional”
O mercado nacional de aparas de papel tem enfrentado uma crescente de preços que tem afetado as indústrias de papel e embalagens. Em resposta, indústrias do setor têm importado a matéria-prima reciclada, o que afeta os aparistas – as empresas que reciclam mensalmente milhares de toneladas de material recolhido das ruas pelos catadores e entregue também pelo comércio varejista, atacadistas e indústria.
Recentemente, uma grande indústria do setor importou 30 mil toneladas de papelão, principalmente dos EUA, a um preço 30% superior ao oferecido no mercado interno, como forma de evitar aumentos no valor da matéria-prima obtida no Brasil, conforme indica a Associação Nacional dos Aparistas de Papel (Anap). Adicionalmente, empresas da região Sul adquiriram mais 15 mil toneladas no mercado externo.
“A importação foi prática recorrente durante a pandemia, quando o Brasil sofreu com a falta de material reciclado. Agora é diferente, pois não houve queda na atividade de reciclagem; o que se registrou foi um desestímulo à coleta pós consumo, feita principalmente pelos catadores, com a queda no preço pago pelo papelão reciclável”, declarou Fábio Suetugui, gerente da Repapel, uma das grandes aparistas de papel de São Paulo e conselheiro da Anap.
“São 45 mil toneladas, 12% da necessidade de matéria-prima das indústrias, a um preço de 1,70 reais o quilo, enquanto no mercado interno está a 1,10 o quilo”, indicou João Paulo Sanfins, vice-presidente da Anap. Para ele, a estratégia da indústria é controlar os preços internos, “evitando novos aumentos, justamente no momento em que há uma recuperação dos preços do insumo no país”.
Segundo Sanfins, apesar da indústria apontar falta de papelão no Brasil, “há matéria-prima suficiente no mercado nacional”. O executiva ainda ressalta que os preços das aparas – não só de papelão, mas também do papel branco e cartolina – estão em recuperação, após terem tido forte queda no primeiro semestre deste ano.
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